• Antonismo (A Noite - Edição 13763 - 13 avril 1951 - p.11)

    A Noite - Edição 13763 - 13 avril 1951 - p.11

    ANTONISMO

    A mais nova religio do mundo

    Tem um dos seus cultos no Rio de Janeiro – Onde o espírito faz milagres e o cabotinismo não tem vez — Um rei autêntico ficou na fila para ser atendido e, depois, aderiu à nova doutrina – Um culto que pode ser frequentado por adeptos de qualquer religião sem necessidade de apostasias — Doutrina alicerçada un bondade e pureza do coração – Pére Antoine, um mineiro belga, foi o seu fundador em 1910 – Paralíticos que recobram seus movimentos e surdos que voltam a ouvir

       O acaso, em forma de uma notícia em um jornal francês suscitou a reportagem que ora oferecemos aos nossos leitores, sobre a mais nova e curiosa das relisiões ou doutrinas conhecidas, o “Antonismo”.
        Surgida na Bélgica, em 1910, e pregada por um velho mineiro belga, O Pere Antoine, a nova doutrina cedo se espalhou pela Europa, notadamente pela França, onde dispõe hoje de cêrca de 48 templos e centenas de salas de leitura. E maior foi a nossa surprêsa ao lermos que, também no Brasil e no Rio de Janeiro, um culto "antonista" funcionava normalmente, prestigiado por apreciável número de fieis, dentre os quais avultam advogados, engenheiros médicos e professores.
        E fomos dar uma espiada no culto da rua Benjamin Constant, n.° 35.

    Bemaventurança e saúde em troca de bondade

        Instalado numa sala grande, desataviada, desconfortável mesmo, destituida de símbolos e imagens, o culto estava cheio. Uma senhora de marcanto personalidade, após á leitura en francês e portuguès de alguns capítulos da doutrina antonista, atendia consulentes e lhes ministrava conselhos capazes de minorar as suas dificuldades. Procuramos saber o que o culto recebia e a resposta foi categorica: Nada. Procuramos saber quo espécie de céu prometiam e a resposta foi: Nenhum. lamos insistir nas perguntas e uma das fundadoras do culto nos esclareceu: – “O Antonismo não pede nada, não promete nada. Aconselha-nos apenas a que sejamos bons, pois somente purificando-se o coração, escoimandose o espirito do maus pensamentos, corrigindo-so as más ações, poderemos encontrar o caminho e da felicidade. ”

    Os milagres

        Aceitamos a pregação, mas não podemos nos furtar ao desejo de transcrever para os leitores a reportagem do nosso confrade francês, impressionante pela sua isenção e os curiosos fatos focalizados. Ei-la:

    Vi êste milagre

        Uma criança inerte, carregada por seu pai dentro do Templo Antonista, do Pré-Saint-Gervais, em Paris o que foi curada pela prece dos seus. Trazer aos doentes a esperança e vencer a doença, aprender a conservar a saúde moral e, como consequência, a saúde fisica, não é isso o desejo de cada um? 0 Culto Antonista so propõe realizá-lo. E’ uma obra moral bascada sobre a fé e o desinteresse, nascida na Bélgica a 15 de agôsto de 1910. O governo belga recunheceu-a como fundação de utilidade pública por um decreto real, datado de 3 de outubro de 1922. Na França, o Culto se desenvol-veu paralelamente aos outros movimentos religiosos, aos quais é assimilado. Dois templos existem em Paris, outros nas provincias. O de Rouen acaba de ser consagrado. 0 Culto Antonista deixa a cada um toda sua liberdade; ai Se vê quando se tem vontade, seja para obter uma graça, seja para se instruir moralmente e ouvir o ensinamento deixado pelo Pere Antoine. Tudo se faz pela prece, é umil obra de abuegação gratuita. "Quando a prece não é paga, e ouvida e dá seus frutos", disse o Pero Antoine.
        Aquele que frequenta o Culto Antonista, vai ai somente para encontrar o caminho que o ajudarà a sair de suas provações, embora conservando sua religião, sua maneira do viver, seus hábitos. O objetivo dos dirigentes do templo não é de converter, mas simplesmente confortar e "curar" pela fé. Há atualmento 48 templos Antonistas mantidos e 140 salas de leitura, embriões de futuros templos. O 49e templo está em construção em Bernay, França.
        Vi em Rouen, por ocasião da consagração de um templo, os fieis vindos de todos os cantos da França, da Bélgica, do Luxemburgo, da Holanda e da Suiça. A multidão estava animada de um fervor profundo. Numerosas são as cidades, mesmo fora da Europa, que reclamam seu lugar do prece. No Brasil, no Rio de Janeiro, os adeptos desejam um templo desde 1939, pois que só tem uma pequena sala de leitura, à rua Benjamin Constant, n.° 35.
        Pere Antoine foi um mineiro que, durante mais de 22 anos, se dedicou à humanidade sofredora, curando os doentes, prodigalizon do a milhares de aflitos consolação e alivio.

    A alma, sede da saúde

        Todos são de um desinteresse absoluto. A vida dos 3.000 dirigentes e auxiliares é um modêio de energia, quando se pensa que todos, sem exceção, devem ganhar sua vida fora do Culto.
        No Templo do Pré-Saint-Gervais, em Paris, coloquei-me etre os numerosos adeptos que, cada dia, vêm se recolher, orando e meditando, enquanto esperam ser recebidos pelo Dirigente-Curador, que se elevará para Deus, a fim de obter sua cura.
        – Que graça pedis ao Pai? – é a pergunta que vos é feita.
        Para uma cura, vos gerá respondido:
        – Não esqueçais que é Deus o grande médico, disse o Père Antoine. Ele não condena, mas demonstra assim que ninguém tem o direito de pronunciar sentença, seja qual for a gravidade da doença.
        A respeito das provações, em geral, responäe-se assim:
        – Não mais duvidar, é estar convicto de que tudo que acontece vem de Deus, que as dificuldades são necessárias à felicidade, que constituem provações, das quais somos unicamente os causadores. Ha dois principios dos quais o homem de progresso deve compenstrarse: o primeiro é que o mal não existe. O segundo, que ele na
    ͂o pode sofrer por causa de outrem. A única fonte de felicidado é o amor.

    História de uma família

        Uma auxiliar, Mme. M. P., que veste o hábito Antonista e que assume várias vezes por semana um trabalho no templo da rua do Pré-Saint-Gervais n. 49. é uma antiga doente abandonada pelos médicos. Esta Jovem senhora, cuja fisionomia tem a serenidade das Santas, nuito modestamente me explica:
        – Há cinco anos, caí, súbita e mui gravemente doente. Uma manhã, não podia mais mexer um braço, algumas horas depois caia bruscamente por terra. Fui para o hospital, onde diagnosticaram uma esclerose com placas. E' uma doença terrivel, que não perdoa. Após dois anos de hospitalização, fui condenada... e trazida novamente para meu lar.
        "Meu marido encontra om casa de um de nossos amigos, una pessoa que havia sido curada no Templo Antonista. Era a primeira vez que ouviamos falar dèsse Culto. Essa pessoa deulhe o endereço do templo, eram quatro horas, às cinco, meu marido já estava no Pré-Saint-Gervais para pedir minha cura. Todos esses pequenos detalhes são tão presentes à minha menoria, que os revivo ainda hoje, como se fosse ontem...
        "Meu marido foi recebido pe lo Dirigente-curador. E, juntos, oraram.
        "– Sua espòsa não tera mais crises, disse-lhe èle, que ela venha assistir a leitura das 10 horas.
        "– Mas como, se ela está completamente paralisada? – respondeu-lhe meu marido. Ela não pode deixar sua cama:
        "– Daqui a très semanas, ela virá, respondeu-lho o Dirigente.
        "Comecei imediatamente a mexer os dedos e, alguns dias depois, as pernas. Em seguida, me levantei o, efetivamente, no fim de tres semanas, estava eu No templo."

    Foi assim que a morte poupou êste lar

        O marido desta senhora é atualmente um dos irmãos consultores e curadores. Sua osposa e sua filha, de quinze anos, o ajudam na sua tarefa.
        Outro milagre. Desde 1914, ma senhora sofria de uma surdez incurável. Morava em Belfort e, em consequência de um bombardeio, teve o timpano arrebentado. Está começando, agora, a ouvir o tic-tac do despertador: sabe que val ficar curada e continua a orar.
        Entre os irmãos curadores do templo, um deles recebeu um milagre. Atingido de paralisia da laringe, seu medico assistento deu-lhe algumas semanas de vida. Êle pediu sua cura; foi salvo na segunda visita.
        Desde então, tornou-se um grande consultor.

    A explicação das curas

        Não há nada misterioso pa cura. Todo ser que obtem uma graça é porque a mereceu.
        O consultor explica:
        – É preciso ensinar às pessoas a se reformar, ajudá-las a adquirir um fluido melhor, fazendo uma busca no passado, e cumprir com os deveres morais que afluem no caminho que nós nos esforçamos em seguir.
        Meu interlocutor recebeu um dia uma jovem mulher que escarrava sangue. Ela disse estar divorciada há cinco anos e na
    ͂o poder livrar-se de pensamentos de odio para com seu primeiro marido. Confessa ter cometido graves erros, mas reconhece suas faltas. Está agora completamente curada e abriu uma sala de leitura.
        Esse outro ainda que se arrasta para o templo sobre duas muletas e que, após uma só prece sai andando, sua mulher carregando as muletas. Depois desse dia abençoado, é com alegria que êle vem ouvir a leitura – e êle vem... de bicicleta.
        – Não é o corpo que está doende é sempre a alma, explica-me o dirigente do templo, este homem admiravel, pois que o corpo é soménte uma pequena parte do ser. Ê a velha roupa que deixamos do momento da desencarnação. Só mente a alma é eterna; e é pormeio dela que pagamos nossas mas ações, mesmo que tenham sido cometidas no decorrer do uma vida anterior.
        Médicos e enfermeiras frequentam o templo. Eles vêm para pedir a cura de seus doentes. Um grande pratico falta raramente a leitura de domingo.
        Posso testemunhar uma cura espetacular.
        Um jovem, quase uma crianca, estava desde alguns anos paralisado em consequencia de uma operação mal sucedida no cerebro.
        Vi varias vezes esse jovem no seu carro de doente ou carregado sobre os ombros de seu pai, inerte, o facies torcido, babando, incapaz de pronunciar uma palavra. Os pais, animados de uma fé profunda, procuravam infatigavemente, contra toda logica aparente, salvá-lo.
        E o milagre se realizou !
        Tornei a ver esse resuscitado na consagração do templo de Rouen. Novamente o vi no Pré-Saint-Gervais, sua fisiononia ja normal e iluminada por uma luz interior e... andando.
        Um doente tinha o estomago caido. Durante a prece, êle exclamou arrebatado: "É curioso... é curioso...", e, ao sair do templo, disse-me éle:
        – Senti meu estomago retomar seu lugar.
        A extrema discreção do apostolo que pude aproximar no Templo Antonista me impede dizer tudo que penso dêle.
        Sua unica intenção e conservar intacto a herança moral que os fundadores do culto transmitiram a seus filhos. Seguindo esta linha de conduta impessoal, a obra do Pai da suas provas. As curas pela fé se estendom e o ensinamento: Antonista é amado e respeitado por todos aqueles que o conhecem. Este homen, que teve a vida mais brilhante o mais nobro antes de se consagrar ao culto, não vive senão com este pensamento.”

    A Noite, Edição 13763 (13 avril 1951, p.11)

     

    Traduction :

    ANTOINISME

    La plus récente religion du monde

    Il a l'un de ses services à Rio de Janeiro – Où l'esprit fait des miracles et le cabotinage n'a pas sa place – Un roi authentique a fait la queue pour être assisté puis a rejoint la nouvelle doctrine – Un culte qui peut être fréquenté par des adeptes de n'importe quelle religion sans qu'il soit nécessaire d'être apostasié – Doctrine basée sur la bonté et la pureté du cœur – Père Antoine, un mineur belge, en fut le fondateur en 1910 – Des paralytiques qui retrouvent leurs mouvements et des sourds qui entendent à nouveau.

        Le hasard, sous la forme d'une nouvelle dans un journal français, a donné naissance au reportage que nous proposons aujourd'hui à nos lecteurs, sur la plus récente et la plus curieuse des religions ou doctrines connues, "l'Antoinisme".
        Apparue en Belgique, en 1910, et prêchée par un vieux mineur belge, le Père Antoine, la nouvelle doctrine s'est rapidement répandue en Europe, notamment en France, où elle compte aujourd'hui quelque 48 temples et des centaines de salles de lecture. Nous avons été encore plus surpris de lire que, également au Brésil et à Rio de Janeiro, un culte "antoiniste" fonctionnait normalement, avec un nombre considérable d'adeptes, dont des avocats, des ingénieurs, des médecins et des professeurs.
        Et nous sommes allés jeter un coup d'œil au culte de la rue Benjamin Constant, nº 35.

    La félicité et la santé en échange de la gentillesse

        Installé dans une grande salle, désuète, voire inconfortable, dépourvue de symboles et d'images, le service était complet. Une dame d'une personnalité remarquable, après avoir lu, en français et en portugais, quelques chapitres de la doctrine antoiniste, a assisté les consulteurs et leur a donné des conseils susceptibles d'atténuer leurs difficultés. Nous avons essayé de savoir ce que le culte a reçu et la réponse a été catégorique : rien. Nous avons essayé de savoir quel genre de paradis ils promettaient et la réponse a été : aucun. Nous avons insisté dans nos questions et l'un des fondateurs du culte a clarifié : "L'Antoinisme ne demande rien, ne promet rien. Il nous conseille seulement d'être bons, car ce n'est qu'en purifiant le cœur, en nettoyant l'esprit des mauvaises pensées, en corrigeant les mauvaises actions, que nous pouvons trouver le chemin du bonheur. "

    Les miracles

        Nous acceptons la prédication, mais nous ne pouvons nous soustraire au désir de transcrire pour nos lecteurs le rapport de notre confrère français, impressionnant par son impartialité et les faits curieux mis en lumière. C'est ici :

    J'ai vu ce miracle

        Un enfant inerte, porté par son père à l'intérieur du temple antoiniste du Pré-Saint-Gervais, à Paris, a été guéri par les prières de ses parents. Donner de l'espoir aux malades et vaincre la maladie, apprendre à préserver la santé morale et, par conséquent, la santé physique, n'est-ce pas le désir de chacun ? Le culte antoiniste se propose seulement de le réaliser. C'est une œuvre morale fondée sur la foi et le désintéressement, née en Belgique le 15 août 1910. Le gouvernement belge l'a déclaré fondation d'utilité publique par un arrêté royal du 3 octobre 1922. En France, le culte s'est développé en parallèle avec les autres mouvements religieux auxquels il est assimilé. Deux temples existent à Paris, d'autres en province. Le Culte Antoiniste laisse à chacun sa propre liberté, il est là quand on en a la volonté, soit pour obtenir une grâce, soit pour s'instruire moralement, soit pour écouter l'enseignement laissé par le Père Antoine. Tout se fait par la prière, c'est une œuvre d'abnégation gratuite. "Quand la prière n'est pas payée, elle est entendue et porte ses fruits", disait le Père Antoine.
        Celui qui fréquente le Culte Antoiniste n'y va que pour trouver le chemin qui le sortira de ses épreuves, tout en conservant sa religion, son mode de vie, ses habitudes. L'objectif des responsables du temple n'est pas de convertir, mais simplement de réconforter et de "soigner" par la foi. Il existe actuellement 48 temples antoinistes construits et 140 salles de lecture, embryons de futurs temples. Le 49e temple est en cours de construction à Bernay, en France.
        J'ai vu à Rouen, à l'occasion de la consécration d'un temple, des fidèles venus de tous les coins de France, de Belgique, du Luxembourg, de Hollande et de Suisse. La foule était animée d'une profonde ferveur. Nombreuses sont les villes, même hors d'Europe, qui revendiquent leur lieu de prière. Au Brésil, à Rio de Janeiro, les adeptes veulent un temple depuis 1939, car il n'existe qu'une petite salle de lecture à la rue Benjamin Constant, Nº 35.
        Pere Antoine était un mineur qui, pendant plus de 22 ans, s'est consacré à l'humanité souffrante, guérissant les malades, prodiguant à des milliers de personnes affligées consolation et soulagement.

    L'âme, siège de la santé

        Tous sont d'un désintérêt absolu. La vie des 3 000 dirigeants et assistants est un minimum d'énergie, quand on pense que tous, sans exception, doivent gagner leur vie en dehors du Culte.
        Au temple du Pré-Saint-Gervais à Paris, je me place parmi les nombreux adeptes qui viennent chaque jour se recueillir, prier et méditer, en attendant d'être reçus par le Dirigeant-Guérisseur, qui s'élèvera vers Dieu, afin d'obtenir leur guérison.
        – Quelle grâce demandez-vous au Père ? – est la question qui vous est posée.
        Pour une cure, il vous répondra :
        – N'oubliez pas que Dieu est le grand médecin, disait le Père Antoine. Il ne condamne pas, mais il démontre de cette manière que personne n'a le droit de prononcer une sentence, quelle que soit la gravité de la maladie.
        En ce qui concerne les procès, en général, on réagit de cette manière :
        – Ne plus douter, c'est être convaincu que tout ce qui arrive vient de Dieu, que les difficultés sont nécessaires au bonheur, qu'elles constituent des épreuves et que nous sommes les seuls à en être la cause. Il y a deux principes dont l'homme de progrès doit être conscient : le premier est que le mal n'existe pas. La seconde est qu'il ne peut pas souffrir pour le bien des autres. La seule source de bonheur est l'amour.

    Histoire d'une famille

        Une auxiliaire, Mme M.P., qui porte l'habit antoniste et qui, plusieurs fois par semaine, se charge d'un travail dans le temple du 49 rue du Pré-Saint-Gervais, est une vieille patiente abandonnée par les médecins. Cette jeune femme, dont la physionomie a la sérénité des Saints, me l'explique très modestement :
        – Il y a cinq ans, je suis tombée soudainement et très gravement malade. Un matin, je ne pouvais plus bouger un bras, et quelques heures plus tard, je suis soudainement tombé au sol. Je suis allé à l'hôpital où ils ont diagnostiqué une sclérose en plaque. C'est une maladie terrible qui ne pardonne pas. Après deux ans d'hospitalisation, j'ai été condamné par la médecine... et ramené à la maison.
        "Mon mari rencontre dans la maison d'un de nos amis, une personne qui avait été guérie dans le temple antoiniste. C'était la première fois que nous entendions parler de ce culte. Cette personne lui a donné l'adresse du temple, il était 4 heures, à 5 heures, mon mari était déjà au Pré-Saint-Gervais pour demander ma guérison. Tous ces petits détails sont tellement présents à ma mémoire que je les revis encore aujourd'hui comme si c'était hier...
        "Mon mari a été reçu par le Dirigeant-Guérisseur. Et ensemble, ils ont prié.
        "– Votre femme n'aura plus de crises, lui a-t-il dit, si elle vient à la lecture de dix heures.
        "– Mais comment le pourrait-elle, si elle est complètement paralysée ? – a répondu mon mari. Elle ne peut pas quitter son lit :
        "– Dans trois semaines, elle viendra, répondit le Dirigeant-Guérisseur.
        "J'ai immédiatement commencé à bouger mes doigts et, quelques jours plus tard, mes jambes. Puis je me suis levé et, effectivement, au bout de trois semaines, j'étais dans le temple.

    C'est ainsi que la mort a épargné cette maison

        Le mari de cette dame est actuellement l'un des frères consultants et guérisseurs. Sa femme et sa fille de quinze ans l'aident dans sa tâche.
        Un autre miracle. Depuis 1914, cette dame souffrait d'une surdité incurable. Elle vivait à Belfort et, à la suite d'un bombardement, a eu le tympan fêlé. Elle sait qu'elle va être guérie et continue de prier.
        Parmi les frères guérisseurs du temple, l'un d'eux a reçu un miracle. Atteint d'une paralysie du larynx, son médecin traitant lui donne quelques semaines à vivre. Il a demandé la guérison ; il a été sauvé lors de la deuxième visite.
        Depuis lors, il est devenu un grand consultant.

    L'explication des cures

        Il n'y a rien de mystérieux dans la guérison. Tout être qui obtient une grâce, c'est parce qu'il l'a méritée.
        Le consultant explique :
        – Il faut apprendre aux gens à se réformer, les aider à acquérir un meilleur fluide en fouillant le passé, et remplir les devoirs moraux qui découlent de la voie que nous nous efforçons de suivre.
        Mon interlocuteur a reçu un jour une jeune femme qui suintait du sang. Elle a dit qu'elle était divorcée depuis cinq ans et qu'elle ne pouvait pas se débarrasser de pensées de haine envers son premier mari. Elle avoue avoir commis de graves erreurs, mais reconnaît ses fautes. Elle est maintenant complètement guérie et a ouvert une salle de lecture.
        Une autre encore qui se traîne jusqu'au temple sur deux béquilles et qui, après une seule prière, sort, sa femme portant les béquilles. Après ce jour béni, c'est avec joie qu'il vient écouter la lecture – en arrivant... en vélo.
        – Ce n'est pas le corps qui est malade, c'est toujours l'âme, m'explique le dirigeant du temple, cet homme admirable, car le corps n'est qu'une petite partie de l'être. Ce sont les vieux vêtements que nous laissons derrière nous au moment de la désincarnation. Seule l'âme est éternelle, et c'est par elle que nous payons nos mauvaises actions, même si elles ont été commises dans une vie antérieure.
        Des médecins et des infirmières fréquentent le temple. Ils viennent demander la guérison de leurs patients. Un grand praticien manque rarement la lecture du dimanche.
        J'ai pu assister à une guérison spectaculaire.
        Un jeune homme, presque un enfant, était paralysé depuis quelques années à la suite d'une opération malheureuse du cerveau.
        Plusieurs fois, j'ai vu ce jeune homme dans sa voiture de malade ou porté sur les épaules de son père, inerte, les joues tordues, bavant, incapable de prononcer un mot. Les parents, animés d'une foi profonde, ont tenté inlassablement, contre toute logique apparente, de le sauver.
        Et le miracle s'est produit !
        Je l'ai revu lors de la consécration du temple de Rouen. Je l'ai revu au Pré-Saint-Gervais, le visage déjà normal, éclairé par une lumière intérieure et… il marche.
        L'estomac d'un homme malade avait eu une descente d'organe. Pendant la prière, il s'est exclamé avec enthousiasme : "C'est drôle... c'est drôle...", et en quittant le temple, il m'a dit :
        – J'ai senti mon estomac revenir à sa place.
        L'extrême discrétion de l'apôtre que j'ai pu approcher dans le temple antoiniste m'empêche de dire tout ce que je pense de lui.
        Sa seule intention est de préserver intact l'héritage moral que les fondateurs de la secte ont transmis à leurs enfants. En suivant cette ligne de conduite impersonnelle, l'œuvre du Père donne ses preuves. Les guérisons par la foi sont étendues et l'enseignement : l'Antoiniste est aimé et respecté par tous ceux qui le connaissent. Cet homme, qui a eu la vie la plus brillante la plus noble avant de se consacrer au culte, ne vit qu'avec cette pensée".

    A Noite (La Nuit), Edition 13763 (13 avril 1951, p.11)


  • Commentaires

    Aucun commentaire pour le moment

    Suivre le flux RSS des commentaires


    Ajouter un commentaire

    Nom / Pseudo :

    E-mail (facultatif) :

    Site Web (facultatif) :

    Commentaire :